Anieli: Segundo o CONADE (Conselho
Nacional dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência Física,
2018) a Lei Brasileira de Inclusão obriga as empresas com mais de
100 funcionários a reservarem de 2% a 5% das vagas para as pessoas
portadoras de deficiência.
No entanto, mesmo com essa situação
favorável, ainda há muitoooos empecilhos que realmente garantem a
entrada da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.
Por exemplo, muitos colegas ao
compartilharem essas dificuldades me relataram que muitos empresários
para cumprirem a lei de cotas escolhem pessoas com deficiências
mínimas, exigindo assim, o mínimo de gastos com adaptações,
fazendo com que as pessoas com deficiências mais complexas fiquem
cada vez mais exclusas do mercado de trabalho.
Outra dificuldade muito relatada pelos
meus colegas de trabalho é a falsa acessibilidade, muitos patrões
criam algumas “gambiarras”, como rampas inclinadas, banheiros que
parecem acessíveis mas na prática não auxiliam em nada a pessoa
com deficiência, entre outras tentativas de acessibilidade, isso,
além de dificultar ainda mais a vida da pessoa com deficiência
ainda dissemina a ideia da falsa acessibilidade, contribuindo ainda
mais para o aumento da dificuldade e exclusão no mercado de
trabalho.
Também vale ressaltar que muitas
pessoas com deficiências físicas são confundidas erroneamente com
deficiências intelectuais, ou seja, mesmo sendo pessoas graduadas e
totalmente preparadas para atuar em suas atividades muitos
empresários subestimam suas habilidades, colocando-os em cargos e
posições muito mais inferiorizadas que suas reais capacidades
cognitivas e potencialidades que poderiam contribuir para o
desenvolvimento da organização.
Andre: Vale ressaltar que vivemos em
uma sociedade hipócrita que não está preocupada com os direitos
dos deficientes físicos de um modo geral, uma sociedade atrasada que
não dá o valor devido as pessoas. Hipócrita no sentido de que é
muito mais cômodo curtir a foto do cadeirante/ deficiente físico
que está tentando sobreviver do que ir ajudar ele realmente dando um
emprego.
Assim como a colega disse
anteriormente, muitas empresas maquiam a acessibilidade ou preferem
um deficiente físico que está mais dentro dos padrões
preestabelecidos, afinal este ser humano será parte da equipe e a
mesma precisa ser “bonitinha”.
Não podemos deixar de falar que
existem deficientes que não estão preparados para o mercado de
trabalho, mas isto é uma falha do estado que não proporciona a
devida inclusão do assistido, o mercado de trabalho é cruel, exigem
qualificação, exigem experiência, para tudo! Mas como o cadeirante
irá se profissionalizar se as ruas não são adaptadas, o transporte
não é adaptado, às escolas não são totalmente acessíveis, nada
nessa porra de país é acessível corretamente, se você caro leitor
que está lendo isto e não é cadeirante e discorda desta afirmação
minha, recomendo que sente-se em uma cadeira de rodas com os pés
amarrados e de uma volta pelo seu bairro, pela sua cidade, caso você
tiver um espírito mais aventureiro e dinheiro no bolso, saia do seu
estado e sinta na pele o menosprezo do poder estatal, falo com
propriedade, o Estado brasileiro não está nem aí para o deficiente
físico, somos só um gasto a mais para eles.
Não estou sendo negativista mas é a
realidade, é a nossa realidade, a de quem vive em uma cadeira de
rodas e depende dos outros para sobreviver.
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