Caso você não tenha lido a parte 1, deixarei o link aqui para facilitar a vida de vocês. Falsa acessibilidade: uma história real (parte 1)
Neste
momento, é importante lembrar que aproximadamente um mês atrás eu
e minha família tínhamos passado por uma situação muito triste,
humilhante e desanimadora, um vizinho que era funcionário de uma
empresa de ônibus da minha cidade sempre passava na casa dos
formandos do ensino médio para oferecer as passagens e os contratos
para o trajeto em uma outra faculdade.
No
entanto, ao chegar em minha casa, ele se dirigiu à minha mãe e com
muitaaaa frieza pronunciou a seguinte frase: “Eu posso vender a
passagem somente para a irmã da Anieli, pois o ônibus não é
adaptado e não tem como a Anieli ir”, como eu tenho uma irmã
gêmea, nós duas tínhamos terminado o ensino médio, mas de acordo
com o bonitão ai, rsrs, devido às circunstâncias eu não teria
condições de estudar, para ele, somente estudariam as pessoas
“normais”, capazes de subirem as escadas do ônibus rsrs, agora,
depois da tempestade eu consigo rir da situação, mas na época isso
me marcou e incomodou demais e posso dizer que até gerou uma enorme
onda de frustração na minha vida.
Porém,
eu não usei essa situação como algo incapacitante, dando
continuidade à minha história, assim que cheguei da PUC não
conseguia tirar da minha cabeça o que seria mais pertinente fazer
naquele momento, pois eu já tinha pago a minha matrícula
e meu sonho de fazer a faculdade ainda estava invadindo todo o meu
lado emocional, mas, tinha a outra questão, o meu lado racional
tinha a consciência de todos os desafios que passaria caso eu
realmente escolhesse que deveria ir.
Foi
então que tive um impulso rápido e momentâneo, parecia que eu
sabia que esse impulso, tão rápido modificaria
completamente a minha vida, quantas experiências e vivências isso
me proporcionou rsrs, então, decidi que queria voar, ou melhor, que
eu precisava voar, era uma questão de escolha eu sei, mas sabia que
em algum momento da minha vida eu teria que escolher entre ficar na
minha zona de conforto ou buscar meus sonhos e desejos, aqueles que
toda noite rondavam meus pensamentos antes de dormir, minha real
motivação para continuar e prosseguir.
Nesse
exato momento, peguei o telefone da empresa de ônibus e comuniquei
aos meus pais que iria estudar, e eles concordaram fazendo um singelo
movimento de sim com a cabeça. Quando um funcionário da empresa de
ônibus atendeu ao meu chamado, ele ficou bastante surpreso e
assustado com a situação, pois mesmo com o adesivo de
acessibilidade colado do lado direito do vidro da frente de todos os
ônibus, nenhum dos transportes deles eram acessíveis.
Quando
conversei com o proprietário da empresa, ele logo mencionou que
nunca tinha transportado nenhuma pessoa com deficiência, ainda mais
física, e ao mesmo tempo eu reagi falando que isso não era problema
meu, que o transporte era para todos e eu iria mesmo assim, (rsrs,
até hoje meus pais dizem que essa certa dose de teimosia e
insistência foi a chave para eu conseguir fazer muitas coisas,
coisas que todos sempre diziam que eu não conseguiria),
pois
era o único meio de transporte disponível para chegar até a
universidade.
Foi
neste momento que eu expliquei minhas necessidades, ou seja, que o
motorista teria que me pegar no colo todos os dias para me colocar na
cadeira assim que chegássemos na universidade, e no final das aulas
me colocar novamente no ônibus, para irmos embora.
Também
tinha a questão do transporte da minha cadeira motorizada, que eu
expliquei que usaria todos os dias na faculdade para me locomover
durante o intervalo das aulas e até de um prédio para o outro,
logo, o senhor me perguntou: “Mas vai levar a cadeira todos os
dias?” rsrs, sim, não sei como ele foi capaz de me perguntar uma
coisa dessas, até hoje essa cena desperta em mim crises de risos,
rsrs, assim, visto que a logística da minha pessoa já não seria
tão fácil, optei por deixar a minha cadeira motorizada da faculdade
(ah, como essa decisão foi difícil, rsrs, tive que abrir mão de
tantas coisas).
Mesmo
contrariado, rsrs, no mesmo instante o proprietário da empresa
mencionou que no meu primeiro dia meus pais teriam que ir comigo até
o ponto de ônibus para ensinarem aos motoristas (detalhe: eram
vários, cada dia era um motorista diferente, para conseguirem suprir
a demanda de viagens da empresa) a melhor forma de me transportarem.
E assim chegou o meu primeiro dia de aula...rsrs, ah meu deus,
impossível esquecer cada segundo desse dia.
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Dois
cadeirantes portadores de AME, contam um pouquinho sobre suas vidas e
fazem o leitor refletir sobre as questões e dificuldades do
cotidiano. https://eficientesdeficientes.blogspot.com/
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